quinta-feira, 23 de maio de 2019

Literatura


              A arte da literatura existe há alguns milênios. Entretanto, sua natureza e suas funções continuam sendo objeto de discussão, principalmente para os artistas. 
       O ser humano, como ser também histórico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criações entre elas a literatura reflete seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim, ao longo da História, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variaram com o tempo. 
     Tentemos, portanto, a definição mais abrangente possível, que atenda à concepção da literatura em nosso tempo. 



     Uma obra literária um poema, um conto, um romance... tem alguma coisa em comum com um quadro ou uma canção, embora seja muito diferente destes. 
     A obra de arte tem um valor intríseco uma qualidade estética que a distingue das obras realizadas com finalidades práticas. 
      Do mesmo modo, a obra literária é essencialmente diferente dos textos produzidos em nossa vida prática, como cartas, relatórios e etc. ela possui valores intrínsecos ou valores estéticos, que são construídos com as palavras. Ela (re) inventa a realidade com as palavras.  



quarta-feira, 22 de maio de 2019

Introdução a gramática



Já faz alguns anos; por isso, você provavelmente não se lembra de que, algum tempo depois de iniciada sua vida escolar, um de seus professores do Ensino Fundamental apresentou à “gramática”. A partir daí, todos os seus professores de Língua Portuguesa foram, pouco a pouco, tentando lhe ensinar as “regras gramaticais”.
Esse processo pode ter-se desenvolvido por meio de diferentes métodos de ensino, mas aconteceu com você e com todos que frequentam ou já frequentaram a escola.
É por isso que, se perguntarmos a qualquer pessoa o que é “gramatica”, ela responderá, meio em tom de brincadeira: é uma coleção imensa de regras que eu nunca consegui.”, ou dirá: é um livro que ensina as regras de português.” Se também perguntarmos a uma pessoa quantas regras de gramática ela conhece, as respostas serão mais ou menos assim: “Nenhuma.”, “Umas duas ou três.”, “ No máximo, uma meia dúzia.”
E você? Quantas regras de gramática acha que sabe?
Não se surpreenda, mas, com certeza, você domina mais de mil regras gramaticais. É isso mesmo: mais de mil! Talvez até muito mais... umas 1500!


A gramática da língua
Leia este pequeno texto humorístico.

Especialistas
Um caboclo, vendo uma movimentação de homens e equipamentos perto do sitiozinho onde ele morava, vai até lá e pergunta a um deles:
– Cum licença, moço, o que oceis tá fazeno?
– Aqui vai passar uma rodovia – responde o homem – e nós somos os engenheiros e técnicos. Com esses equipamentos nós vamos definir por onde a estrada vai passar.
– Oia, moço, o senhor vai discurpá, mais aqui no sertão nóis faiz estrada de outro jeito.  Nóis pega uma mula e sorta ela. Onde ela passá... aí é o mió de abri a estrada. Num tem erro!
O engenheiro, achando graça na simplicidade do capiau, diz, sorrindo:
– É mesmo? Não me diga! Mas... e se vocês não tiverem uma mula?
E o caipira:
– Ué... aí nóis quebra o gaio com uns engenhero... (Texto do domínio público)
 .

Agora responda, oralmente: qual dos dois personagens dessa piadinha fala bem português e domina a gramática? Perguntando de outra forma: qual deles você acha que fala “certo” e qual fala “errada”?
Se fizéssemos essas perguntas a diferentes falantes do português , quase todos afirmariam que só o engenheiro sabe o idioma, pois ele fala “corretamente”. Essas pessoas também diriam que o caboclo não conhece gramática, por isso fala “errado” Haveria até opiniões preconceituosas, tais como: “Ele fala de um jeito feio”. Opiniões desse tipo são o resultado de uma confusão que normalmente ocorre entre línguagramática e gramática normativa.
Na realidade, o caboclo da historinha sabe – e muito bem ­– falar português, tanto é que ele conversou com o engenheiro e os dois se entenderam perfeitamente. E que língua ele usou para se comunicar? A língua portuguesa, é claro. Como todo falante de um idioma, ele se expressou empregando uma “forma de falar” que está acostumado a usar em dia a dia.
Mas... e quanto a gramática?
Afinal, o personagem sabe ou não sabe gramática?
Para refletirmos a respeito dessa pergunta, vamos retomar este trecho da fala dele.



É claro que o personagem, usando essas mesmas palavras, poderia ter escolhido outras maneiras de construir a frase. Assim, por exemplo:



Mas, certamente, ele não usaria, as palavras numa ordem como esta:


E por que ele jamais falaria assim?
Ele não ordenaria as palavras dessa maneira porque, desde que nasceu e começou a ouvir e, depois, a falar, ele foi internalizando, isto é, foi aprendendo, na pratica, que sequências como essa não são válidas no português, não respeitam o sistema de funcionamento da língua portuguesa.
          É esse sistema de funcionamento que recebe o nome de gramática da língua, e é pela prática diária, como falantes e ouvintes, que todos nós assimilamos, internalizamos o conjunto das mais de mil (talvez 1500) regras que regulam o funcionamento de nosso idioma.
      Nosso conhecimento prático, como falantes do português, permite-nos, então, estabelecer uma clara diferença entre “Cum licença, moço, o que oceis tá fazeno?” e “*Tá cum, moço, o que o fazeno licença oceis?” Assim: