segunda-feira, 20 de abril de 2020

Variedades linguísticas


A variedade padrão

Vimos que a gramática normativa considera “correta” a construção “Com licença, o que vocês estão fazendo?” e “incorreta” a construção “Cum licença, o que oceis tá fazeno?”. Mas... se essas duas “formas de dizer” exprimem a mesma ideia, se qualquer falante do idioma pode compreendê-las perfeitamente, por que a gramática normativa só aceita como correta a primeira construção? Afinal, que critérios são empregados para definir o que é “certo” e o que é “errado” na língua?
Os parâmetros e regras que determinam a norma (padrões de uso) da língua portuguesa foram sendo estabelecidos e fixados ao longo do tempo, principalmente pela ação de dois instrumentos sociais: a escola e os meios de comunicação (livros, jornais, revistas, noticiários de rádio e TV etc.) Convém lembrar que, antigamente, frequentar a escola e compara livros e jornais eram privilégios de poucos, ou, como se diz popularmente, eram “coisas de rico”.
A escola e os meios de comunicação sempre consideram modelar – digna de ser imitada – a variedade linguística da classe social formada pelos falantes de maior prestigio social (maior nível de escolaridade, maior influência política, mais poder econômico). Essa variedade, chamada de variedade padrão, serviu de base para a elaboração das gramáticas normativas e , aos poucos, foi sendo imposta aos falantes de todas as classes sociais como o “modelo ideal” de língua, como o “padrão” a ser seguido para falar ou escrever “corretamente” o português.
A variedade padrão – também chamada de língua padrão, norma urbana de prestígio ou língua culta formal – tem emprego em situações muito especificas e é usada principalmente na escrita. Os documentos oficiais (leis, sentenças judiciais etc.), os relatórios e livros científicos, os contratos empresariais, os discursos em determinadas situações sociais, as solicitações de emprego etc. são exemplos de textos em que essa variedade linguística é usualmente empregada.

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