A variedade padrão
Vimos
que a gramática normativa considera
“correta” a construção “Com licença, o que vocês estão fazendo?” e “incorreta”
a construção “Cum licença, o que oceis tá fazeno?”. Mas... se essas duas
“formas de dizer” exprimem a mesma ideia, se qualquer falante do idioma pode
compreendê-las perfeitamente, por que a gramática normativa só aceita como
correta a primeira construção? Afinal, que critérios são empregados para
definir o que é “certo” e o que é “errado” na língua?
Os
parâmetros e regras que determinam a norma
(padrões de uso) da língua portuguesa foram sendo estabelecidos e fixados ao
longo do tempo, principalmente pela ação de dois instrumentos sociais: a escola
e os meios de comunicação (livros, jornais, revistas, noticiários de rádio e TV
etc.) Convém lembrar que, antigamente, frequentar a escola e compara livros e
jornais eram privilégios de poucos, ou, como se diz popularmente, eram “coisas
de rico”.
A
escola e os meios de comunicação sempre consideram modelar – digna de ser
imitada – a variedade linguística da classe social formada pelos falantes de
maior prestigio social (maior nível
de escolaridade, maior influência política, mais poder econômico). Essa
variedade, chamada de variedade padrão,
serviu de base para a elaboração das gramáticas normativas e , aos poucos, foi
sendo imposta aos falantes de todas as classes sociais como o “modelo ideal” de
língua, como o “padrão” a ser seguido para falar ou escrever “corretamente” o
português.
A
variedade padrão – também chamada de
língua padrão, norma urbana de prestígio ou língua
culta formal – tem emprego em situações muito especificas e é usada
principalmente na escrita. Os documentos oficiais (leis, sentenças judiciais
etc.), os relatórios e livros científicos, os contratos empresariais, os
discursos em determinadas situações sociais, as solicitações de emprego etc.
são exemplos de textos em que essa variedade linguística é usualmente
empregada.
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